A saga de um indigente...
Confesso que nos últimos 10 anos da minha vida, até algumas horas atras, fui um indigente. Fiquei este tempo todo sem carteira de identidade e aproveito pra informar que não me fez a menor falta. Entrei em boates, abri conta em banco, me casei, registrei meus filhos, abri crediários e até prestei concursos. Tudo com a desculpa do “fui roubado”. Mentira pura, mas cola à beça porque todo mundo se compadece com esta revelação (ainda mais aqui no Rio...). Perdi a identidade numa bebedeira, após brincar numa pracinha de madrugada, mas isso não vem ao caso...
O que importa é que dentre minhas resoluções de ano novo estava a 2ª via do famigerado documento. E isso teve um preço. Vão vendo... Acordei às 6h30m,tomei banho, passei perfume (pra ficar cheiroso pra foto, é claro) vesti meu escudo contra os bárbaros e me dirigí ao posto do Detran do Méier. Cheguei por volta das 7h. O posto abriu às 8h20m, já com trezentas e oitenta e muitas pessoas na fila. Eu era o 20º. O lugar é tudo aquilo que se espera de uma repartição pública tipicamente brasileira: feio, sujo, desconfortável e outros adjetivos pejorativos que tais. Mas um fato me impressionou. Um servidor educado. Isso mesmo, não escrevi errado não. Achei um servidor público prestativo, cortês e solícito. Por uma fração de segundos me senti na suiça. O calor e tudo o mais me trouxeram à realidade no outro segundo. “Ganhei o dia”, ainda pensei. Errado. Perdi a manhã. O funcionário era competente, mas o sitema... Bom, pra encurtar, fui atendido às 12h. Ainda pensei em abreviar meu sofrimento fazendo mágica para meus companheiros de fila, mas o segundo personagem do dia me dissuadiu desta idéia: o mala da fila.
Toda fila tem um mala, né? Mas esse era o rei deles! Ele estava bem depois de mim e tentou puxar assunto comigo. Fitei-o com meu olhar ignorante (um dia ensino como se faz), no que ele prontamente, passou para a vítima à minha frente. Começou falando que era vendedor do Carnê do Baú, e pediu para fazer uma pesquisa com ela. Após explicar toda a dinâmica do programa Roda a Roda (?!) para a pobre, perguntou se ela toparia caso fosse convidada ao programa. Bom, não vou descrever mais, pra não me tornar um mala também, mas resumindo, empurrou o tal carnê na moça. E a fila continua... o mala, eu e a menina, nessa ordem. Não pude escapar de ouvir todo o diálogo, se é que se pode chamar frases seguida de uns “hum, hum” “ah,hãs” de diálogo. Quando finalmente a pobre foi chamada, o mala num ímpeto, disparou a sua derradeira chance de algum insucesso: “se você não tiver ninguém na sua fila, gata, gostaria de ser o próximo”. Franzi a testa, olhei para o lado, mas ainda consegui ver a cara de constrangimento da coitada. “Fica pra próxima, agora tenho que ir...” Pra minha sorte, antes que ele pudesse tentar um comentário, fui chamado também. Lá dentro não me contive e falei para a menina que ela merecia um prêmio. Ao que ela sorriu e disse que estava acostumada... mas não via a hora de ser chamada logo! Fotos, tintas e lambança depois, ao sair, ainda o ví “conversando” com uma senhora de traz, que finalmente o deu ouvidos... Como tem gente carente no mundo, não?
Moral da história: não perca a sua identidade. Mas se perder, não tire a 2ª via, pois não vale a pena (você pode viver muito melhor sem ela).... cruel, senhores, muito cruel...
P.S. 1 - Os comentários aí de baixo estão dando problema. Me falta conhecimento e tempo pra arrumar.Tentem no link da parte superior da postagem ou mandem pro email hsardou@gmail.com que publico os melhores...
P.S. 2 - Hoje não tem link para o video da flávia do BBB7 . Volte para o google e adie a sanha onanista...